segunda-feira, 24 de novembro de 2008

No dia 21/11/08 ocorreu na Universidade Católica de Valparaiso um debate sobre o filme "Brasileirinho", patrocinado pelo Instituto Cultura Brasil.

A professora responsável Eugênia dos Santos teve a companhia da palestrante Mariana Albert. No evento o Instituto Cultura Brasil foi representado pelo professor Thiago Nogueira.
O filme de Mika Kaurismaki mostra o chorinho como um símbolo de brasilidade.


Na foto: Eugenia, Mariana, e Thiago.





Mais um ponto marcado pelo Instituto Cultura Brasil...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Terreno minado para Barack Obama

No livro “O castelo” escrito por Franz Kafka há o relato da busca incessante do personagem “K” para tentar conhecer os processos que permeiam o poder.

O senhor “K”, contratado pelo castelo para realizar serviços de agrimensura, ficou inseguro ao tentar se apresentar para receber as orientações necessárias à execução das atividades, ao se deparar com uma situação inusitada: Klamm, seu possível chefe não permitia o contato.

O agrimensor lutou desesperadamente, através do mensageiro Barrabás, marcar uma conversa com Klamm. Sem sucesso, resolveu afrontá-lo conquistando Frieda, funcionária da hospedaria, cujo prestígio na comunidade era amplo por ser amante de Klamm.
O agrimensor condicionou o seu matrimônio com Frieda ao fato de Klamm recebê-lo para uma conversa, já que ela havia sido sua amante. Esta exigência deixa transparecer dúvidas quanto ao seu real interesse em Frieda.

“K” encontrou-se com o prefeito, que habilmente desmereceu o serviço para o qual havia sido contratado, enfraquecendo propositadamente a sua posição. Nesta conversa o prefeito convenceu “K” a aceitar a tarefa de servente em uma escola da comunidade em substituição a para a qual ele havia sido contratado. Deixou transparecer que apesar de não haver necessidade do novo serviço estava autorizando por exercício de autoridade, inclusive, autorizando a sua permanência nas dependências da escola juntamente com Frieda, e os seus dois ajudantes.
A proposta aceita por “K” por falta de alternativa, sinalizou que Klamm não tinha o poder que diziam possuir. Há de se entender que o prefeito usou “K” para enviar a Klamm uma mensagem subjetiva sobre as forças contrárias existentes nas relações políticas administrativas.

Na busca incansável de explicação para o que estava acontecendo “K” se depara com Olga, irmã de Barrabás o mensageiro de Klamm, que depois de longa conversa põe em dúvida o poder de Klamm e de outros funcionários do castelo, referindo-se inclusive às mensagens ditas como enviadas por Klamm como possíveis de não serem oficiais.

Por fim, Pepi que substituiu Frieda nos serviços do balcão da Hospedaria dos Senhores após o rompimento do relacionamento com Klamm, ao sentir a possibilidade do retorno dela (Frieda) ao seu posto por recomendação de funcionário do castelo que resultou na separação de “K”, tentou incutir na mente deste que a facilidade que ele teve para conquistá-la ocorreu devido o interesse de Frieda de usá-lo para chamar a atenção do ex-amante Klamm.

Pelo visto, Franz Kafka acreditava que o poder é capaz de desenvolver tentáculos eficazes de sustentar estruturas administrativas hierárquicas incoerentes, que funcionam para satisfazerem interesses esdrúxulos, cujo uso envolve o relacionamento humano, e este pode se tornar fator importante no divisor de águas.

O poder atrai todos os tipos de energia, e, o bom exercício passa por permear o linear da ética, os interesses públicos e sociais. Precisamos acreditar que Obama seja capaz de mudar os processos para uma boa administração do "Castelo Branco" americano.

sábado, 18 de outubro de 2008

Show da língua portuguesa!

Um homem rico estava muito mal, agonizando. Pediu papel e caneta. Escreveu assim:

“Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres.”

Morreu antes de fazer a pontuação. A quem ele deixava a fortuna? Eram quatro concorrentes.

1) O sobrinho fez a seguinte pontuação:

Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

2) A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito:

Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

3) O padeiro pediu cópia do original. Puxou a brasa pra sardinha dele:

Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

4) Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:

Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.

sábado, 11 de outubro de 2008

Tirem o doente de lá!

Quando o doente se encontra em fase terminal, não adianta levá-lo para uma UTI e submetê-lo a aplicações desordenadas de medicamentos.

A crise financeira que o mundo atravessa apesar de previsível, suas conseqüências foram avolumadas devido os governos dos Estados Unidos e da Europa não terem conseguido sensibilizar, no momento oportuno, os poderes legislativos e a população para implantar medidas necessárias ao enfrentamento.

O dinheiro que ainda não virou pó em instituições falidas e nas bolsas de valores em todo o mundo está empossado em bancos que não mostram disposição para repassá-los aos clientes, até que o vento comesse a soprar favorável e limpe as nuvens que impede visualiza-se o horizonte.

Por mais que os governos coloquem recursos no mercado o efeito sobre a economia real tem sido tímido para não dizer nenhum. Com isso a recessão na Europa, nos Estados Unidos, e na Ásia já deu sinais. A população já parou de consumir.

A quebra do banco Lehman Brothers nos Estados Unidos, induzido pelo próprio tesouro americano para justificar que já existia um defunto no armário e, portanto, precisava que o congresso aprovasse o pacote enviado por Bush, terminou sacudindo a credibilidade bancária. O tiro saiu pela culatra.
É bom que se diga que sem credibilidade o mercado financeiro não voltará a funcionar com normalidade, e o descuido de Bush com o doente Lehman Brothers terminou atrapalhando a credibilidade esperada, após a divulgação da injeção de recursos.

Não é difícil ouvir citações de economistas que a crise já chegou ao Brasil. Fico em dúvida se o presidente, ao fazer declarações otimistas, ainda não tomou consciência do fato; se quer enganar o povo; se está impregnado com o sucesso econômico dos últimos anos e a ficha ainda não caiu; ou se ainda não desceu do palanque das campanhas? Quero acreditar que ele consegue entender tecnicamente o que está ocorrendo, porque negar esta crença é reconhecer o risco que estamos corremos. Dizer que o Natal será muito bom e o Ano Novo será excelente é afirmação insensata.

O Brasil tem a vantagem de produzir produtos agrícolas que continuarão sendo necessários aos povos e ao consumo interno, contudo os preços destas commodities no mercado externo estão despencando e as contas públicas certamente ficarão no vermelho este ano e também em 2009, apesar da carne, da soja e de outros produtos brasileiros continuarem com mercado externo garantido.

Um fato que ajuda a America Latina na crise é a redução do índice de pobreza ocorrido nos últimos anos. Terminou por incluir parte da população no mercado consumidor, especialmente o de alimentos aqui produzidos.
Neste caso a depreciação do valor do real ajudará a compensar parte das perdas dos preços futuros, porém poderá impactar no aumento dos custos já que alguns dos insumos usados na produção agropecuária são importados e depende da variação do dólar.

As dívidas existentes no mundo dos negócios, feitas através de contratos em dólares faz com que a moeda americana se mantenha apreciada, e não perca importância no fluxo dos negócios comerciais, apesar dos recentes acontecimentos.

A taxa de juros Selic mantida no patamar atual possivelmente favorece a queda dos preços das ações na BOVESPA. Não está havendo interesse dos investidores em aproveitar os baixos preços das ações para ampliar suas carteiras. É mais fácil e seguro ganhar menos dinheiro, agora, com CDB e títulos do governo federal do que aventurar comprar ações para arriscar ganhos futuros.
Enquanto os investidores externos vendem suas ações para pagar compromissos no exterior os brasileiros mantêm as posições para não realizar prejuízos.

Enganam-se os que se consideram fora da crise, porque de alguma forma serão atingidos.
O doente está na UTI e os governos não sabem como tirá-lo de lá! É bem provável que surja uma nova ordem mundial...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Ensaio sobre a cegueira

O filme Ensaio Sobre a Cegueira dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles consegue retratar com fidelidade os questionamentos do livro de José Saramago que lhe serviu de roteiro.
Quem leu o livro antes de ver o filme, certamente aproveita melhor a história.
Enquanto a leitura permite a interrupção conveniente para saborear alguns momentos de reflexão sobre o texto, o filme envolve o expectador conforme a visão do diretor.
Para ser justo, o Meirelles consegue dar fidelidade á história, contudo o livro permite imaginar e divagar conforme as experiências, os valores éticos, e os momentos emocionais de cada leitor.

A linguagem do filme é mais leve que a do livro, até porque estamos a falar de José Saramago. Contudo, Fernando Meirelles consegue com maestria transformar em imagens o intrigante e reflexivo texto de Saramago.

A cidade hipotética criada pelo autor, cuja população foi tomada por uma cegueira epidêmica e misteriosa, mostra a capacidade do ser humano de adaptar-se a situações adversas; a pouca importância dada pelos governantes às minorias; a formação de grupos para defender interesses comuns; a prática do oportunismo; o afloramento do egoísmo; e o quão degradante pode ser o mundo com a ausência de serviços aparentemente simples com a energia elétrica, o abastecimento de produtos alimentícios, e a água tratada.

A mulher do médico, personagem representada pela atriz Julianne Moore, única pessoa da cidade que dribla a cegueira, certamente foi salva da peste pelo autor Saramago para que, através dos seus olhos, poder descrever os acontecimentos.

Fora o relato dado, como tarefa, à mulher do médico age em determinados momentos com emoções naturais de um ser humano em situações adversas, cujos valores morais e sociais são mudados rapidamente de acordo com as situações, a exemplo do que acontece nas catástrofes e nas guerras.
Possivelmente, na personagem está incorporado o próprio autor José Saramago.

A experiência de ter lido o livro e visto o filme é sem dúvida enriquecedora.
Proporciona uma visão da não visão, e quanto o ser humano está vulnerável aos ensinamentos, para não dizer castigos, da natureza.

O filme tem no seu elenco além de Julianne Moore no papel da "mulher do médico", o conhecido Mark Ruffalo como "médico", a brasileira Alice Braga, que já atuou em mais de dez filmes inclusive em Cidade Baixa e Cidade de Deus, no papel da prostituta "Mulher dos Óculos Escuros", o experiente Danny Glover no papel do "Velho da Venda Preta", além de Gael García Bernal que atuou como Che Guevara no filme Diários de Motocicleta no papel de "Rei da Ala 3", e o outro experiente ator Maury Chaykin, que já trabalhou em mais de cento e quarenta filmes, inclusive Dança com Lobos, no papel do "Contador".
Observe que nenhum dos personagens possui nome.

O filme merece ser visto e discutido, assim como o livro que lhe deu origem.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

As Andorinhas de Cabul

O romance “As Andorinhas de Cabul” escrito por Yasmina Khadra trás uma história curiosa.

A trama escolhida pelo autor para relatar situações vividas pelo povo afegão submetido aos talebans envolve dois casais que destoam do relacionamento tradicional, quando os homens declaram sentimentos amorosos por suas esposas.

Nos últimos capítulos, por situações diferentes, os destinos dos casais se entrelaçam, e a maior surpresa aparece quando Mussarat, esposa de Atiq Shankat, percebe a angustia do marido por ter se apaixonado involuntariamente por Zunaira, esposa de Moshen, e decide abrir mão da própria vida para tentar fazê-lo feliz.

O autor consegue mostrar de forma sutil e inteligente que o ser humano, apesar de agir conforme os preceitos religiosos possui sentimentos inerentes à própria natureza, independente da doutrina que pratique.

terça-feira, 19 de agosto de 2008